quarta-feira, 12 de novembro de 2008

AULAS DE CHINÊS(MANDARIM) NO MOGUN

(CÓPIA DO REGISTRO DA GENEALOGIA DO VING TSUN FEITO POR SITAIGUNG MOY YAT - Rio de Janeiro .)

Há alguns anos, numa turma formada por mim, pela Paula Gama(Moy Gam Ma) e Xenia D'avila(Moy Sing Yat) e acompanhada pelo próprio Sifu, estudamos mandarim em caráter privativo com a querida professora Lily (Ou Yee Fen).

Algum tempo depois, graças a indicação de uma amiga, e da autorização por escrito da própria professora Lily, e ainda contando com a orientação do Sifu, dei algumas aulas experimentais de Mandarim numa rede de escola de idiomas. Porém, na época devido a fatores estruturais do local e pela minha própria falta de tempo, não continuei lá.

Ainda assim, Sifu insistiu para que eu começasse com aulas privativas no próprio Nucleo Rio de Janeiro, e durante o ano de 2007, chegamos a ter 12 pessoas(apenas praticantes) em turmas divididas pela semana.

Este ano, as aulas voltaram com uma nova proposta...


Ao contrário do inglês e outros idiomas ocidentais muito procurados , o mandarim deve ser encarado de uma forma diferenciada, pois é praticamente impossível, desvencilhar a escrita chinesa de sua cultura de forma geral. A lógica chinesa , baseada no pensamento clássico daquele país, está muito presente na interpretação dos ideogramas, seus radicais e na estruturação de frases.

Um exemplo muito usado nas aulas, é este acima: O primeiro ideograma à esquerda, significa "cereal", o segundo, significa "Boca", e quando você une os dois, "cereal perto da boca", você tem "harmonia"(Muito comum em adesivos de carros né?rs) , Mas enfim, segundo a lógica chinesa, o cereal corresponderia ao arroz, o alimento mais consumido na China, e se "existe arroz(alimento) perto da boca", está tudo bem, está tudo em "harmonia".
Assim, quando quero formar a simples frase por exemplo: "eu e você", eu poderia dizer: "Wo he Ni" (ou seja, "eu em harmonia com você" , "eu com você", "eu e você" , etc...)
Apostila usada nas aulas.


Mais do que sentar na cadeira ,apoiar uma apostila na mesa e ouvir o professor, por estarmos em um ambiente favorável como o Núcleo Rio de Janeiro, é possível estudar de forma mais relaxada contemplando outros aspectos:

São cerca de 50.000 ideogramas atualmente, sendo que quando você saí da Universidade mesmo sendo um chinês nativo, você será capaz de ler quem sabe, uns 8.000 ideogramas. Dessa forma, você seria capaz de ler o jornal, mas um livro clássico talvez não. Desta perspectiva, imaginar uma aula no estilo da aula de inglês, seria quase impossível chegar perto destes números. Por isso, apesar de seguir um planejamento, as aulas de chinês não são lineares. Ou seja, se por acaso, surge o ideograma primavera num determinado estudo, já seria possível falar das outras 3 estações do ano e seus respectivos ideogramas. Assim, a aula flui de acordo com o momento, permitindo maior dinamismo e interação:

Lembram-se do ideograma cereal citado acima e que nesta nova imagem encontra-se a esquerda?
Quando juntamos ele a este ideograma que é o do "fogo", teriamos algo como "folhas queimadas" , "queimada de folhas", "folhas sob calor", etc.. Humm.. você está pensando: "Deve significar queimada, tipo Amazônia!" , não é? Humm.. não!rs
Já notou que no Outono as folhas das árvores ficam amareladas ? Pois bem, "Cereal + Fogo" significa "Outono". "Folha amarelada pelo calor".

Estranho? Engraçado? Você decide, mas garanto que você nunca mais esquecerá deste ideograma!
Esta é a foto de Grão-Mestre Moy Yat e sua esposa, Sitaipo helen Moy em sua última visita juntos ao Brasil. Na imagem em destaque, observamos dois ideogramas. São eles: "Método"(primeiro de cima pra baixo) e "coração".
Esta é a grande premissa de nossa linhagem de Ving Tsun, o "método do coração", também interpretado como "kung fu life" ou "Vida kung fu". Que diz respeito a você aprender apenas estando junto.
Sitaigung Moy Yat usava um exemplo onde perguntava:
"Se você é uma pessoa que treinou e só quis saber de técnicas,técnicas e técnicas, e em 10 anos se tornou Sifu(Mestre), aí você tem um aluno que treina com você por 20 anos. O que você vai ensinar pra ele nos 10 anos a mais que ele ficou?"

Ou seja, no Kung Fu, na relação Mestre-Discipulo, do Antigo pro mais novo, o aprendizado sobrepuja as técnicas, ideogramas etc.. Através do convivio, o aluno e o professor aprendem juntos.


Por isso no aprendizado do chinês, o professor não é aquele que fica lá na frente e "finge saber tudo" e você "finge acreditar", ele tem dúvidas também. Afinal, mais uma vez citando o idioma inglês, quando pensamos no básico, lembramos do Verbo To be, mas e no mandarim? O que é o básico?


Assim, em mandarim, você pode tratar o professor como:

"LaoShi" - Onde "Lao" quer dizer "velho" e "shi" , pode ser traduzido como "Modelo" ou "exemplo". Assim, a pessoa que está passando a matéria pra você, ou simplesmente coordenando os estudos que você faz, é apenas alguém que começou antes que você naquele caminho, e não o "senhor da verdade e das respostas certas" como vemos no Ocidente.


Outra peculiaridade do idioma, é que ele possui 5 tons de pronuncia. Assim, "shi" por exemplo no primeiro tom, quer dizer por exemplo: "modelo", "exemplo", etc.. no segundo tom,se refere ao número 10, e no quarto tom por exemplo, refere-se ao verbo "ser".

Através dos tons a fala do mandarim se torna uma música.

Enfim...

As aulas estão abertas a qualquer pessoa, não precisa ser praticante de Ving Tsun ou outra arte marcial.

Elas compreendem o chinês(mandarim) básico com duração de 2 anos. Onde serão apreciados, aspectos culturais, pinyin, ideogramas, aulas de etiqueta clássica chinesa e óbviamente conversação e escrita.

As aulas acontecem no Núcleo Rio de Janeiro da Moy Yat Ving Tsun, situado à Avenida das Américas, 2.300. Bloco B. Salas 129 e 130.

Os horários podem ser montados pelos interessados (dependendo da disponibilidade de ambas as partes).

Você pode agendar uma visita pelo telefone: (21) 3150-5148

As aulas se dão em determinado ambiente do Núcleo, variando de acordo com o número de participantes, e da proposta do dia.
Os computadores são usados de forma a propiciar uma melhor apreciação da pronuncia de cada tom.
Carlos Antunes nas aulas de sábado prefere sentar no sofá e apoiar-se no banco, mesmo com a coluna torta se está bom pra ele tudo bem..rs
Sisok Homero prefere esta mesa quando estudamos nesta sala.


Um grande abraço
Thiago Pereira