quarta-feira, 24 de setembro de 2008

ESTRUTURA DE LINHAGENS E FAMILIAS CHINESA

O BLOG DO PEREIRA, trás mais uma transcrição de livro, que desta vez, tem muito em comum com a arte chinesa Ving Tsun, praticada pela maioria que acessa este site.
Num texto que fala da estrutura familiar e de linhagem na China, além do funcionamento dos vilarejos, é possivel traçar paralelos com a historia do nosso proprio Sistema.

Este interessantíssimo texto, é um Capítulo do livro "CHINA -UMA NOVA HISTÓRIA" de autoria de John Fairbank e Merle Goldman, que transcrevo aqui a titulo de estudo.

O livro foi publicado pela L&PM Editores em 2006. e-mail para pedidos: vendas@lpm.com.br fale conosco: info@lpm.com.br www.lpm.com.br

O VILAREJO: FAMÍLIA E LINHAGEM
(por John King Fairbank e Merle Goldman)


A fim de entender a China nos dias atuais, faz-se necessária uma abordagem antropológica que analise o ambiente familiar e urbano no qual a China moderna começa a emergir. Até os dias de hoje, o povo chinês é composto, em sua maioria, por camponeses que cuidam da terra;a maior parte deles vive em vilarejos, em casas erguidas com tijolos artesanais,bambu,vime ou por vezes pedra. O piso é de terra ou pedra e as janelas costumam ser de papel e não de vidro. Com frequência, metade de sua renda é gasta com alimentação, logo, os chineses ainda carecem do luxo do espaço físico.As casas dispõem em geral de quartos com quatro divisões,cada uma delas para três pessoas.Algumas vezes,os membros da Família de ambos os sexos e de duas a três gerações dividem a mesma cama de alvenaria, que , no Norte da China, pode ser aquecida pelo encanamento do fogão próximo a ela. A força física prevalece sobre a máquina em quase todas as tarefas.
Para os americanos e europeus, acostumados a um alto padrão de vida, a característica mais intrigante nos camponeses chineses é a capacidade de manter uma vida altamente civilizada em condições tão pobres. A resposta para tal questionamento se encontra nas instituições sociais chinesas, que têm conduzido os indivíduos de cada família pelas diversas fases e vicissitudes da vida humana, de acordo com padrões de comportamento profundamente enraizados. Essas instituições e normas comportamentais estão entre os mais antigos e duradouros fenômenos sociais do mundo. A China preserva o sistema familiar como uma fortaleza, semelhante a um sistema que lhe fornece força e inercia.
Até bem pouco tempo, a família era um microcosmo,como um Estado em miniatura. Ela, não o inidivíduo, representava a unidade social e o elemento responsável pela vida política e também sua localidade. A devoção e a obediência dos filhos, incutidas no seio familiar, propiciaram a formação da lealdade para com o governante e a obediência à autoridade constituída no Estado.
A função da família de criar seus filhos para se tornarem leais servidores pode ser compreendida pelo padrão de autoridade dentro do tradicional grupo familiar. O pai era um autocrata supremo e tinha o controle sobre a utilização de todo o patrimônio familiar, inclusive a renda, bem como a decisão sobre os casamentos arranjados de seus filhos. A mistura de amor,medo e admiração das crianças pelos seus pais era reforçada pelo respeito aos mais velhos. A perda do vigor físico de um idoso era mais do que contrabalançada com sua sabedoria. Contanto que permanecesse em perfeitas condições mentais, o patriarca tinha o aval para exercer o domínio da vida familiar.De acordo com a lei, o pai podia vender seus filhos como escravos ou até mesmo executá-los por conduta imprópria, porém os pais chineses eram por costume e por natureza extremamente amáveis em relaçãoas crianças e se submetiam a um código de responsabilidade recíproca em relação a elas pelo fato delas serem membros integrantes da família.Contudo, a legislação e o costume forneciam pouca fiscalização para a tirania paterna caso algum pai decidisse exercê-la.
A dominação do mais idoso sobre o mais jovem na cultura familiar antiga acompanhava era como a do homem sobre a mulher.Até hoje, bebês do sexo feminino são mais propensas a sofrer infanticídio do que meninos.O casamento de uma menina era arranjado e jamais era uma união por amor. A trêmula noiva deixava sua família para trás e se tornava de imediato uma nora sob o controle da mãe do marido. Ela poderia se deparar com esposas secundárias ou concubinas em sua casa, sobretudo se não desse a luz um herdeiro menino. Ela podia ser repudiada pelo marido por inúmeros motivos. Se ele morresse, ela dificilmente poderia se casar outra vez. Tudo isso refletia o fato da mulher não ter indendência econômica, pois seu trabalho era absorvido por tarefas domésticas, o que não lhe garantia renda alguma. As mulheres do campo eram quase todas analfabetas. Tinham pouco ou nenhum direito sobre propriedade.
A condição inferior da mulher era uma mera manifestação da natureza hierárquica de todo o código social da China e de sua cosmologia.A China pré-moderna concebia o mundo como o produto resultante de dois elementos complementares que interagiam, yin e yang. Yin era o atributo de todos os elementos femininos:obscuro, fraco e passivo.Yang era o atributo masculino:brilhante,forte e ativo. Embora o masculino e o feminino fossem necessários e complementares,um era, por natureza, passivo em relação ao outro.Com base nesses fundamentos ideológicos,uma sucessão interminável de homens moralistas chineses construiu um padrão comportamental de obediência e passividade para a mulher.Esses padrões faziam com que as meninas se subordinassem aos meninos desde a infância e mantinham a esposa sujeita ao marido, e a mãe, ao seu filho adulto. As mulheres com personalidades mais fortes, que nunca faltaram na China, costumavam controlar suas famílias indiretamente e não pelo exercício direto do poder.

O status dentro da família era codificado pelos famosos "três laços" enfatizados pelos filósofos confucionistas; o laço da lealdade por parte de quem estava subordinado ao governante(ministro ou principe), o da obediência filial em relação aos pais e o da castidade por parte só das esposas. Para um ocidental igualitário, o que mais surpreende nessa doutrina é o fato de dois dos três tipos de relacionamentos pertecerem a família e todos com relações de superior e subordinado. A relação entre mãe e filho, que no ocidente admite a dominação materna, não era enfatizada pela teoria, embora fosse importante.
Quando um pai se deparava com o início da individualidade e independência de seu filho ele poderia temer que a tolerância pessoal egoísta pudesse causar algum distúrbio no seio familiar.Fortes laços de intimidade entre mãe e filho ou o filho e a esposa ameaçavam as diretrizes verticais de lealdade e respeito que mantinham a família sob autoridade do marido.No resumo de Jonathan Ocko(in Kwang-Ching Liu,1990), as esposas eram "elementos desestabilizadores inevitáveis", pois asseguravam a descendência, porém ameaçavam o laço de obediência entre os pais e filhos.
Além do laço comum de lealdade à família, a China pré-moderna estava unida pela experiência comum de uma elite local educada no mais alto padrão, que tinha como compromisso desde a infância estudar e seguir os textos e ensinamentos clássicos.O cuidado materno e a disciplina paterna se uniam para concentrar o esforço escolar dos jovens no autocontrole e na supressão do sexo e de impulsos frívolos.Como ressalta Jon Saari(1990) em seu estudo sobre a infância da elite, no final do século XIX, o treinamento dos jovens se baseava, acima de tudo, na obediência.Tão logo um menino entrasse na adolescência, o afeto recebido pelos pais era substituído por um treinamento intensivo direcionado a formação de seu caráter.
Dentro da família, num sentido mais amplo, cada criança se via envolvida, desde o nascimento, em um sistema altamente ordenado de relações de parentesco. Essas relações incluiam os irmãos e as irmãs mais velhos, as esposas dos irmãos mais velhos por parte de mãe, tias,tios, primos e avós,além de uma lista interminável - e de difícil compreensão para um ocidental- de outros tipos de parentesco que se incorporavam a família por intermédio do casamento. Esses relacionamentos não eram apenas melhores definidos e diferenciados do que os do ocidente, mas também demandavam uma série de direitos e deveres de acordo com o seu status. Os membros da família deveriam ser chamados pelo termo que indicasse de modo correto o nível de parentesco por quem estava lhe dirigindo a palavra.
No Sul da China, o antropólogo pioneiro Maurice Freedman(1971) descobriu que as linhagens familiares eram as principais instituições sociais -cada qual uma comunidade de famílias que reivindicava a descendência de um ancestral fundador, mantendo propriedades ancestrais e unindo-se em rituais periódicos em túmulos e mausoléus.Contando com o apoio de genealogias,os membros de uma linhagem podiam compartilhar interesses em comum tanto econômicos quanto políticos dentro da sociedade local. No Norte da China, entretanto,os antropólogos descobriram linhagens organizadas de forma distinta. A organização de parentesco chinês varia em cada região. As práticas familiares no que tange ao patrimônio, dotes de casamento, enterro, cremação ou afins, também têm uma história complexa, cujo mapeamento está apenas começando.
O sistema de parentesco chinês, tanto no Norte quanto no Sul, é patrilinear, com o comando familiar passando na linhagem masculina do pai para o filho mais velho. Assim, os homens perpetuam a família, enquanto as mulheres se casam e passam a pertencer a outras famílias, em nenhum dos casos seguindo o padrão de vida dos ocidentais. Até pouco tempo, um menino e uma menina chinesa não escolhiam seus cônjuges e, nem mesmo hoje em dia, costumam estabelecer, mesmo após o casamento, uma família independente. Ao contrário, em geral, passam a pertencer a família paterna do marido e assumem a responsabilidade de mantê-la, subordinando a vida matrimonial à vida familiar. Para muitos ocidentais, essa estrutura familiar pareceria insuportável.
O comando familiar é transmitido totalmente do pai para o filho mais velho, porém não o patrimônio. Nos primórdios de sua história, os chineses abandonaram o direito do primogênito à herança, por meio do qual o filho mais velho herdava todo o patrimônio do pai enquanto os filhos mais novos tinham de buscar outras fontes de renda, a dimensão dessa mudança institucional pode ser observada ao se comparar a China a países como a Inglaterra ou o Japão, onde os filhos mais novos que não compartilhavam o patrimônio do pai forneciam funcionários para o governo, os negócios e os impérios além-mar e onde uma nobreza local podia florescer para desafiar o poder central. Na China, a divisão igualitária da terra entre os filhos permitia ao mais velho manter apenas algumas prerrogativas cerimoniais, de forma a indicar a posição dele e algumas prerrogativas cerimoniais e, algumas vezes, uma parcela extra do patrimônio. O loteamento conseqüente da terra tendeu a enfraquecer sua manutenção contínua pela família, a fortalecer o poder dos funcionários do governo e a manter famílias camponesas a beira da subsistência. A principal tarefa de um casal era ter um filho homem para manter a linhagem familiar, pois o nascimento de mais filhos levaria ao empobrecimento da família.
Contradizendo o mito generalizado, uma família com muitos filhos não era uma norma entre os camponeses chineses. A carência de terra, como também a doença e a fome, limitava o número de pessoas que sobreviviam em cada unidade familiar. A grande família agregada, formada pelos filhos homens casados, cada qual com muitos rebentos e todos dentro de uma mesma unidade,que com frequência era considerada típica na China, parece ter sido uma exceção ideal, um luxo das famílias mais prósperas. A média de uma família camponesa limitava-se a quatro,cinco ou seis pessoas no total. A divisão da terra entre os filhos homens constantemente restringia a acumulação de propriedade e poupança e a família tinha pouca chance de ascender na escala social. Os camponeses ficavam presos à terra, não tanto pela lei ou pelo costume, mas em virtude de serem numerosos.
O vilarejo agrícola, até hoje o berço da sociedade chinesa, é formado ainda por unidades familiares que se perpetuam de geração em geração. Cada família reprsenta uma unidade sócio-econômica.Seus membros provêm o seu sustento, por meio do trabalho no campo, e adquirem seu status social pela familia a qual pertencem. O ciclo de vida do indivíduo está ainda intrisecamente interligado ao ciclo da agricultura intensiva ao qual aquela terra é submetida. A vida e a morte dos habitantes desses vilarejos seguem um ritmo que interpenetra no crescimento e na colheita dos produtos.
Contudo, a vida do camponês chinês, em geral, não se restringe a um vilarejo único e sim a um grupo de vilarejos que forma um centro comercial. Com uma visão aérea é possível observar esse padrão- a estrutura celular de comunidades comerciais, cada uma partindo de um centro comercial, formando anéis de vilarejos satélites ao redor do centro. O interior da China, antes da revolução, parecia uma colméia constituída por essas áreas, que eram relativamente auto-suficientes.Tomando por base o centro de comércio, trilhas(ou por vezes canais) se irradiavam para um primeiro anel de cerca de seis vilarejos,continuando até um segundo anel de,digamos,doze vilarejos.Cada um desses dezoito ou mais vilarejos contava com cerca de 75 famílias e cada família tinha uma média de 5 pessoas- os pais, às vezes dois filhos, o avô ou avó.Nenhum vilarejo ficava a uma distância maior do que cerca de quatro quilômetros do centro comercial, possibilitando que o trajeto de ida e volta fosse feito em apenas um dia em transporte de vara, carroça ou jumento(ou uma balsa pelo canal).Juntos, os agricultores e os lojistas do centro comercial, os artesãos, os proprietários de terra, os monges dos templos e outros formavam uma comunidade de aproximadamente 1,5 mil famílias ou 7,5 mil pessoas. O centro comercial funcionava periodicamente - a cada primeiro,quarto e sétimo dia de um ciclo de dez dias. Dessa forma, os mercadores intinerantes podiam visitá-lo com regularidade, quando visitavam o mercado central e as aldeias comerciais vizinhas, a oito quilômetros de distância, que funcionavam em ciclos semelhantes- a cada segundo, quinto e oitavo dia ou a cada terceiro,sexto e nono dia. Com essa periodicidade,uma pessoa de cada família podia ir ao centro comercial a cada terceiro dia do ciclo, talvez para vender algum item local ou comprar algum produto de fora,mas também para encontrar amigos em uma casa de chá, em um templo ou ao longo do caminho.Em um período de dez anos, um agricultor teria ido ao centro comercial um total de mil vezes.
Assim, embora os vilarejos fossem auto-suficientes, o grande centro comercial representava tanto uma unidade econômica quanto um universo social. Com frequência, os casamentos eram arranjados por intermédio dos casamenteiros no centro comercial e eram celebrados os festivais, sediados os encontros de sociedades secretas e a comunidade de camponeses tinha contato com os representantes da classe dominante- coletores de impostos e de aluguéis. Porém, pesquisas recentes alteraram esse estereótipo. Prasenjit Duara(1988) salientou o fato de os habitantes dos vilarejos participarem de redes diversas - de relações de parentesco, sociedades secretas,cultos religiosos,grupos de milícia ou do sistema de segurança de responsabilidade mútua - que não eram formadas necessariamente como uma extensão da rede comercial.


Publicado por Thiago,Moy Fat Lei

domingo, 21 de setembro de 2008

CADERNO BARRA(O GLOBO):Moy Yat Ving Tsun

(foto: André Teixeira.O GLOBO)

Em 2004 a Moy Yat Ving Tsun da cidade do Rio de Janeiro, ainda residia na Avenida Nelson Cardoso(quase sempre confundida com Avenida "Nelson Carvalho" ..rs) no bairro da Taquara. Porém, uma pequena semente começava a ser plantada na Barra da Tijuca, com o Estúdio Barra da Tijuca da Moy Yat Ving Tsun, na pequena sala de número 130 no Condomínio Blue Sky, onde vários praticantes importantes ingressaram naquele ano, como por exemplo, as duas Dai gee Xênia D'avila(Moy Sing Yat) e Paula Gama(Moy Gam Ma).

Neste ano, com o intuito de divulgar a lendária arte chinesa que aportava no bairro, Flavio Jesus, Todai de Mestre Julio Camacho, conseguiu uma entrevista com o Jornal O GLOBO, no caderno BARRA. E aqui, eu trago os scans e a transcrição dessa reportagem. Mas antes, um pequeno prelúdio sobre os dois carinhas ali em cima que ilustram a matéria:Murilo Nascimento e Gil Batista...
[O terceiro de pé da esquerda para direita, é Gil Batista, e agaichado, o primeiro da esquerda para direita é Thiago Pereira(Moy Fat Lei). Foto tirada em 1998 pouco antes do inicio da final do campeonato disputado no campo da Associação da Merck, na Taquara)

Ouvi falar sobre o Gil ainda em 1996 através de dois grandes amigos na época. E somente em 1997 quando comecei a estudar de manhã no Sta. Mônica, acabei na mesma turma do Gil. Em 1998, formamos um time com o pessoal da nossa turma, graças a determinação do amigo Rafael Azevedo, mais conhecido como "Ba" , que chegou inclusive a fazer o Ving Tsun Experience.
Neste mesmo ano, após tentarmos sem sucesso treinar a Capoeira, eu comecei no Tae Kwon Do e Gil e Ba foram parar no Boxe Tailandês.

Em 1999, no dia em que fui visitar pela primeira vez o Núcleo Tindiba, foi com Gil que conversei antes de ir:

-Gil, vou lá agora ver se faço a matrícula naquele Kung Fu, quer ir?
-Não cara, nem vai dar, mas vê lá. Se for maneiro tu me avisa.

Em Novembro desse mesmo ano, Gil me acompanhou até o Mogun(ja na Nelson Cardoso) para deixar o presente de "Amigo Oculto" da Jade, já que eu não poderia ficar para entregar. Quando chegamos, a Simo estava lá e recebeu o presente. Também foi quando a conheci, com Gil ao meu lado.

Finalmente em 28 de Março de 2004, Gil(de preto no canto esquerdo) ingressa na Família Moy Jo Lei Ou. E como não poderia deixar de ser, eu estava lá!(na cadeira das testemunhas vestindo terno branco) ao lado dos velhos amigos: Sisok Carlos Reis, Fernando Xavier e Sisok Mauro Lima prestigiando esta grande data.

Após seu ingresso na Família, Gil se tornou um dos membros da Familia MJLO de maior destaque nos anos que se seguiram. E por coincidência, sempre ao lado de um outro membro tão querido quanto, chamado Murilo Nascimento:
Murilo , Thiago Pereira e Sifu em 2004.

Murilo , ex-praticante de Ninjutsu e Tae Kwon Do, também havia servido ao exército com a especialidade de adestrador. Morador do morro do Vidigal na Zona Sul da cidade, tinha muitas histórias pra contar sobre onde morava, e foi em um desses dias quando contava mais uma destas divertidas e dramáticas histórias, que ficamos amigos.
Muito humilde e gentil, Murilo enquanto esteve ativo na Família foi um dos membros mais importantes e queridos. Tendo papel fundamental nos primeiros meses do Estudio Barra da Tijuca ajudando nas sessões.

Mesmo famoso devido ao Sifu dizer que o Murilo "o regava como uma planta", devido a ele sempre estar dando copos e mais copos d'água para o seu Sifu.Um dos momentos mais marcantes do Murilo sem dúvidas foi quando ele apareceu atrasado em sua Cerimônia de passagem de nível, mas não deixou de comparecer, mesmo sua avó tendo acabado de falecer. Coincidentemente, era a mesma Cerimônia na qual Gil ingressava na Família.

(Brincadeiras não faltavam!Dois "gênios" das artes cênicas: Murilo e Moy Fat Lei)
(Treino entre Gil Batista e Thiago Pereira. O reencontro dos dois amigos de infância na Família Kung Fu.)


E agora sim! A reportagem!!!

CONCEITOS DO KUNG CHEGAM AO SÉCULO XXI E CONQUISTAM NOVOS ADEPTOS.
(por Flávia Rodirgues. Jornal O GLOBO, Caderno BARRA . 01 de Agosto de 2004)

Se é que o Kung Fu que chega à Barra tem alguma semelhança com as espetaculares cenas de luta vistas no cinema e na televisão, ela se resume aos poéticos adjetivos tranquilo e infalível que Caetano Veloso usou para descrever Bruce Lee em "Um índio". A filosofia por trás da luta - que , desacelerada, deu origem ao Tai Chi Chuan- impressiona empre´sarios do bairro que nela encontram uma forma de negociar bem e enfrentar problemas corporativos. Nada de Uma Thurman vertendo sangue em "KILL BILL", portanto.
Fundamentos como a capacidade de relaxar durante a crise e a economia de movimentos deram origem ao que se convencionou chamar Inteligência Marcial. Em aulas individuais, o praticante ataca e se defende ao mesmo tempo, sem fazer jogo de corpo ou fugir; ele mantém o posicionamento frontal perante os desafios do e se move para a frente.
Legenda: "Arte Marcial - maturidade aliada ao esforço."(foto: André Teixeira.O GLOBO)

No Kung Fu, o deslocamento da força desordenada do inimigo(que pode ser um brutamontes na rua ou um fornecedor) é desviada com golpes sutis e inteligentes. Consultor do ramo imobiliário, o empresário Flávio Jesus encontrou, com o Kung Fu, o tempo de falar e ouvir na negociação.
-Há um conceito sobre a arte do engano que fala sobre "entregar um lado para ganhar o outro".Isto é aplicado em golpes, mas também é fundamental no planejamento estratégico.Nas aulas, aprende-se ainda a perceber tendências e agir na origem do problema.O auto-conhecimento e a noção de quem é o inimigo garantem a vitória- diz ele.
Dono de uma oficina mecânica, Ricardo Teixeira também mudou sua forma de lidar com a empresa.
-É preciso ser duro com o problema, não com a pessoa - diz Teixeira. Em exemplos práticos: quando está na posição incial, o lutador mantém os braços à frente, com uma mão ligeiramente atrásda outra. Conforme explica Flávio Jesus, este é o chamado triângulo da individualidade.É o limite da negociação, a área sobre a qual o lutador exerce controle. As mãos separadas são uma forma de defesa. Se o oponente segura uma delas, a outra se mantém livre.O lutador pode, com ela, golpear ou afastar o rosto do oponente, mantendo-o a uma distância segura.

Na foto acima, Flavio Jesus(terno preto), Todai de Mestre Julio Camacho, bem como Ricardo Teixeira(blusão vermelho) na foto abaixo.

Instrutor da 11º geração de Mestres de Kung Fu e adepto da corrente chinesa Ving Tsun,Julio Camacho explica que a arte marcial,embora privilegie a urgência de soluções, não é mais tão útil para defesa pessoal como era no cinema.

-Não adianta querer se proteger com lutas.Hoje, há gente armada nas ruas.Na melhor das hipóteses, o praticante pode ferir alguém e se envolver num processo judicial.O nome kung fu significa maturidade e esforço - diz ele, explicando que a Inteligência Marcial é praticada,inclusive,por crianças.

ARTE MARCIAL: CORRENTE VING TSUN TEM SEIS NÍVEIS DE APRIMORAMENTO DO ALUNO.

CONHEÇA OS ESTÁGIOS


FOCAR: No primeiro estágio da corrente Ving Tsun, aprende-se ter concentração e a localizar o problema.Entretanto,Julio Camacho ensina que não se pode perder o resto de vista.

EQUILIBRAR: O aluno aprende a coordenar os movimentos para se livrar de situações de risco.

TRANSMUTAR:No estágio seguinte, encontram-se saídas criativas para as soluções anteriores.

REFINAR: No refinamento,os movimentos se tornam mais precisos.

PROJETAR: Começa o uso de armas como o bastão.

SINTETIZAR: O praticante resolve o problema numa fraça de segundo.

Capa do Caderno BARRA do Jornal O GLOBO daquele Domingo de Agosto em 2004.
Nele viamos a silhueta da praticante de Kung Fu Shaolin do Norte e Tai Chi Chuan, Antônia Célia da Silva(que também teve uma matéria a seu respeito na mesma edição), com a manchete:

"TRANQUILOS E INFALÍVEIS : Praticantes do milenar kung fu adaptam conceitos da arte marcial chinesa ao seu dia-a-dia."

Publicado por Thiago,MOY FAT LEI









segunda-feira, 15 de setembro de 2008

TOP 10 !!!

O Blog do Pereira vem com mais uma de suas colunas paralelas de humor. Só pra deixar você mais antenado do que tem acontecido por aqui;

a) Equipe: Thiago Pereira, Carlos Antunes e Thiago Silva
b)Colunas:
-Noticias da Familia Kung Fu
-Noticias de filmes
-Mogun All Stars : proxima entrevista semana que vem
-TOP 10 : Este post é o segundo Top 10! O primeiro foi do Karate Kid!
-Blog do Pereira recomenda: livros

E temos mais algumas novidades vindo agora que a equipe cresceu!

Então por favor, divirtam-se com mais um TOP 10 e indiquem o BLOG!



OVER THE TOP:
FALCÃO,O CAMPEÃO DOS CAMPEÕES.

Uma produção de 1987 onde Silvester Stallone interpreta Lilcoln Falcão, um caminhoneiro que precisa conquistar a confiança de seu filho Mike de 12 anos e obter sua guarda, a qual o avô do muleke não quer abrir mão.
Falcão também vai tentar ganhar um caminhão novo no campeonato nacional de queda de braços contra o atual campeão Bill Hurley.
Este filme foi um clássico da TV e aqui vão 10 motivos pra isso :

10 motivos porque Falcão é um CLÁSSICO:


NUMERO 10:Filho do Falcão(Stallone) é a cara da Demi Moore


Não sei se muita gente notou isso cara, mas olha o rosto do Mike(filho do Falcão) e me diz se não é a cara da ex Sra. Bruce Willis??
É igualzinho..hahaha conforme o filme vai passando até a franjinha que ela usou no GHOST é avistada..rs


NUMERO 9:
GRITO DO STALLONE.


A dublagem brasileira na década de oitenta era algo de especial. Pra você que teve a feliz oportunidade de assistir a este clássico na Temperatura Máxima quase todo o Domingo na versão dublada, vai lembrar da cena em que o “pequeno Demi Moore”, e filho de Stallone,Mike, após ficar fazendo birra, sai do caminhão em plena Highway, e vendo sua cria correndo risco de virar “pizza de asfalto”, Sly não pensa duas vezes e grita com tudo:
"MIIIIKE!"
A entonação da dublagem é extraordinária..rs


NUMERO 8:
EXERCICIOS MATINAIS DE UM “BADASS”

Cara, esqueça academias de ginástica, personal trainner, faculdade de educação física e todo o resto. Assista aos filmes do Sly que aí sim você vira o maior “Badass” do seu bairro.
Depois de ficar amigo de seu filho, Stallone resolve ensinar ao seu primogênito como fazer um exercício de verdade. Então o que o cara faz, mostra que tem instalado um aparelho pra fortalecer o braço dentro da boléia !!..E não satisfeito, começa a acordar com o muleke antes do sol nascer, e depois da longa série de exercícios usando o caminhão como único aparelho, faz flexões com o moleque sentado em suas costas.. demais!..rs

NUMERO 7:
OS MAIORES “MULLETS” DA HISTORIA

Se você achava que Macguyver, o herói de uma geração, tinha as madeixas mais “anos 80” de todas,você está enganado amiguinho!..rs tsc tsc..
Em uma cena onde Lincoln Falcão,ou simplesmente Stallone oferece uma grana pro “malaco” que derrotar seu filho clone da Demi Moore na queda de braço, conhecemos esse figurante que marcou época. Cara que cabelo é esse?? Não tem pra A-ha, Duran Duran, nem ninguém..rs Esse muleke com esse “Spike Mullets” é o maior representante da saudosa década na historia do entretenimento.. hahaha




Numero 6:
PRA QUE CARTEIRA?




Antes de tudo, saca só a franjinha da Demi Moore e diz que eu to errado?? Mas não é disso que quero falar..rs Acontece que Stallone num dos únicos maus exemplos que deu em sua carreira, só pra ganhar o moleque, deixa ele dirigir uma carreta !.
Uma criança de 12 anos!..rs Com a caçamba cheia e numa auto estrada inter estadual pilotando um caminhão ..rs
O pequeno ator até dramatiza seu primeiro contato com o transporte, mas depois é só alegria. E com o punho cerrado brada: “Eu consegui ! eu consegui! eu consegui!”.




NUMERO 5:
QUERIA SER O FALCÃO.




Que os filmes de hoje em dia perderam muito de sua magia isso é verdade. Mas um dos caras que mais "prendia" os fãs sem duvida era o Sly. Muita gente via RAMBO e depois do filme amarrava uma faixa na cabeça e ia brincar.
Com Falcão,O Campeão dos Campeões, acontece o mesmo.
Stallone faz um filme trash ser algo tão maneiro, que poxa..rs dá até vontade de cruzar os E.U.A. como caminhoneiro.
O cara tinha um falcão no capu do caminhão e fazia flexão com o filho nas costas as 5 da matina!..isso é ... demais!..rs hahaha



NUMERO 4:
AINDA NA ERA DOS VIDEO CLIPES.




Assim como em Karate Kid no ultimo Top 10, para não me deixar mentir, este filme também tem seu momento "Video-clipe":
Os anos 80 foram a era dos vídeos clipes graças ao pioneirismo de caras como Michael Jackson. Stallone tinha a mania sensacional de em todos os seus filmes colocar um pedaço dramático lá pelo meio, perto do final, com uma musica bem nostálgica e com bateria eletrônica. E em Over The Top(Falcão,o Campeão dos Campeões), não foi diferente. Ao som de "Meet me half way across the Sky". Stallone lamenta perder a guarda de seu filho pro seu avô ao por do sol..rs



NUMERO 3
ENTREVISTAS ANTES DAS LUTAS:




Nesta posição eu não vou nem falar nada, só digo que no campeonato nacional de queda de braço no final do filme, antes de cada luta, os participantes davam entrevistas fictícias mostrando como eram maus..hahaha ai vão algumas pérolas:
Começando da esquerda pra direita :

>Carl Adams(de verde): "Eu poderia sopra-los pra longe facilmente. Tem muita técnica envolvida e não se pode vencer a experiência.."

>Harry Bosco(de punho cerrado): "Meu corpo todo é uma maquina.." [cerra o punho e continua]"... Isto, é um plug pra fogo, e eu vou acende-lo.. "

>Bill Hurley(de boné): "Eu dirijo caminhões e quebro braços, isto é o que sei fazer e o que amo fazer. Ser o primeiro lugar é tudo. Não existe segundo, second place sucks.. "

> Linlcoln Falcão,(Stallone): "Tudo que eu faço é pegar meu boné e vira-lo pra trás.E é como se uma ignição ligasse, e quando essa ignição se liga, é como se eu fosse outra pessoa,eu me sinto ...eu não sei,eu me sinto como..como uma maquina..como um caminhão. "

Hahahahaha

NÚMERO 2:
O FILME


Diga o que quiser, mas apesar de eu me amarrar neste filme, o roteiro é louco demais..rs Ganhar a confiança do seu filho deixando ele dirigir um caminhão, ganhar a confiança de seu sogro e a guarda de seu filho por causa de um campeonato de queda de braço, usar suspensório com camiseta,e catar as figuras mais malucas pra serem figurantes do filme.. só o Stallone mesmo..rs



NÚMERO 1:
POR ONDE ANDA...



Ahhhh Meu Deus!.. rsrs isso sim é que é uma historia de vida..rs Após estrelar !OVER THE TOP" e sair até no pôster com Stallone no auge de seu sucesso . Bill Hurley, o rival do nosso herói no filme, ataca nesta produção pornográfica chamada "OVER THE TOP-LESS"..
Sem comentários..rs



Não deixem de comentar ou enviar um email..rs

Publicado por
Thiago,Moy Fat Lei



















































quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Os 20 Anos da Família Moy Yat Sang

Olá a todos, aqui é Shan Si e serei seu Mestre de Cerimônias nesse post que relata os acontecimentos do evento que foi realizado nos dias 16 e 17 de agosto de 2008, o aniversário de 20 anos da Família Moy Yat Sang.

Primeiramente gostaria de explicar que serei bastante parcial, estou passando um relato dos fatos completamente encharcado com minhas opiniões pessoais e com tudo aquilo que eu vi, ouvi e senti durante o evento.

Espero que gostem!


[Intro]

Como todos sabem, a data correta do aniversário é dia 08 de agosto, porém essa data coincidiu com a comemoração do Dia dos Pais, de forma que ficou acertada a realização do evento na semana seguinte. Como o evento foi em Belo Horizonte, ficou combinado que na sexta-feira dia 15, no finzinho da manhã, o Sifu Julio Camacho passaria pela Ilha do Fundão e me daria uma carona no seu Zafira Mega Comfort! Acabei me atrasando feião...(¬¬) também eu nao imaginava que o Sifu levaria menos tempo de Jacarepaguá ate o Fundão do que eu que saí da Ilha do Governador (o.O). No carro ja estavam a Simo Daniela Camacho e meu Sihing Chi Yau Si. Acomodei minha bagagem na mala do carro e seguimos viagem.

Apesar de longa, a viagem foi bem tranquila, proximo as 14hs, paramos num restaurante chamado Zé Pedro, se não me engano. Muito legal o restaurante, se fosse em outro país poderia se chamar John Peter ou Jean Pierre sem problemas =).

[Enter the Event!]

Chegando la (deviam ser umas 15hs ou 16hs) fomos para o hotel "Formulle 1". Esse hotel seria o equivalente ao Mc Donald's das pousadas, so tem o "necessário" (e as vezes nem isso no caso do Mc), de lá o Sifu marcou um horario para que fôssemos juntos ao Shopping Center da região. Eu e Sihing Chi Yau Si arrumamos nossas coisas e resolvemos ir andando até o hotel do Sifu... por sorte saímos com quase um hora de antecedência. Quem nos conhece sabe o que houve... nos perdemos brutalmente num caminho simples e fomos parar quase do outro lado da cidade enquanto éramos encarados hostilmente pela população local por nosso estilo nitidamente "não-mineiro". Num golpe de sorte (e com o auxílio de alguns bondosos pedestres) conseguimos chegar ao hotel do Sifu no horario, logo em seguida partimos para o Shopping.

O Shopping era do mesmíssimo grupo que coordena o Barra Shopping (e tantos outros pelo Brasil afora) com seu símbolo inconfundível, o trevo de quatro folhas verde (em contraste com a flor de cinco pétalas vermelha). Sabíamos que o Sisok Si Ba estava no Shopping, mas nossos celulares nao funcionavam e nao fazíamos ideia de como encontrar o cara, até que o Sifu avistou um laptop na praça de alimentação e "voila".

Na praça pudemos tomar um café com creme especial e conhecer a Sra. Si Ba (Luisa) e sua irmã. Rodamos mais um pouco enquanto esperávamos pela primeira atividade do evento, um jantar com todos do Clã que já estavam em BH.

Nesse momento, mais uma aventura... minha singela mochila nao contava com nenhum outro traje além do gala (para o jantar do dia seguinte) e do uniforme de treino, sendo o traje adequado ao jantar um pouco mais formal do que jeans e t-shirt. Saí pelas ruas a procura de alguma loja, mas era feriado em BH... encontrei diversos indivíduos realmente estranhos (O.o) e, para variar, me perdi nas tortuosas ruas de BH... sem traje adequado e em cima da hora do jantar, vagava a esmo enquanto ligava pro Sihing (sempre ele LOL) e comentava casualmente: "Me perdi!xD", ouvindo em resposta o clássico "Putz!xD". Como sempre tudo se arranjou e fui ao evento numa elegante, porém despojada, camisa social preta.

Proximo a hora do jantar, nos encontramos na porta do hotel e pude ter contato com Sisok Washington e Sisok Marcelo Abreu pela primeira vez. Enquanto esperavamos um carro que iria nos buscar, conhecemos também um pessoal de Brasília e ficamos papeando até a chegada do Sisok Antonio Carlos Caldeira (conhecido popularmente como Tunico).

No restaurante, já estavam o Sigung Leo, Sitai Vanise e os convidados especiais, Sibakung Nelson Chan e Sibakung Lester Lau, além de uma infinidade de membros do Clã Moy Yat Sang que eu ainda nao conhecia. Esse jantar foi essencial pra conhecer aqueles com os quais dividiríamos esse momento tão especial que seria o jantar do dia 16.


Vale comentar um momento engraçado desse jantar... enquanto disparava flashes na camera do Sifu capturei, acidentalmente, uma foto de Sibakung Nelson enquanto comia e fazia uma expressão engraçada, ao abaixar a camera, nossos olhares se encontraram e ele, enquanto sorria maliciosamente, fez um gesto com a mão no qual eu pude ouvir claramente "aquilo que é seu está guardado". Nao foi de proposito Sibakung, eu juro! (xD). Após o jantar fomos para o hotel com nosso colega de quarto, Sisok Ga Dai Lap, que havia chegado antes em BH, mas não sem antes marcar um Yam Cha com nosso Sifu e com nossa Simo para o dia seguinte.

[The D-Day]

A alvorada tocou cedo no quarto e começamos em ritmo de evento, nos arrumamos e partimos para o Yam Cha! Comemos enquanto assistíamos às Olimpíadas (volei: Brasil x Polônia) e eu atento aos comentários da Simo (que entende alguns milhões de vezes mais desse esporte que eu xD). Após o café da manha partimos para o Nucleo Savassi, onde os Sibakungs palestraram.

A primeira palestra foi de Sibakung Lester... acho que ele leu meus pensamentos e estava olhando para mim quando começou com as seguintes palavras: "A vantagem no Ving Tsun está com os menores, fico impressionado quando vejo pessoas menores treinando com pessoas grandes e fortes e querendo fazer força tambem! Nao é assim!" e daí partiu uma grande palestra sobre estrutura corporal e sobre taan, bong e fuk. Logo após, Sibakung Nelson mostrou seu estilo diferente ao proferir uma célere explanação sobre posicionamento e energia, falando bastante sobre "aproveitar o potencial das situações".



Depois da segunda palestra passamos ao workshop de Sibakung Lester. Pessoalmente, nao encontrei ninguem nesse workshop que estivesse no Siu Nim Tao ou Cham Kiu (apesar de saber que eles estiveram lá). Os Sisoks me perguntavam: "Em que nível você está?" e eu respondia: "Biu Ji". Só que até eu explicar que so tinha visto a primeira parte da forma há poucos dias atrás, já estava conhecendo toda a amplitude da garagem do Nucleo Savassi, ainda bem que eu tive um pré-treino na noite anterior com o Sisok Ga Dai Lap (obrigado Sisok xD).

Na sequencia fomos ao Restaurante Redentor, onde se uniram à nós a Sijeh Sing Yat e o Sihing Willian, juntamente com a Val. Nessa ocasião gostaria de ressaltar que conheci o Thales (filho do Sibak Anderson) adequadamente trajando sua elegante camisa comemorativa, procurem ele na foto! (é o quarto da direita para a esquerda sentado). Foi justamente após o almoço que tiramos a foto oficial com a camisa comemorativa.




Como atividade do turno da tarde, tivemos uma palestra com cara de bate-papo conduzida pelos Sibakungs e pelo Sikung sobre os diversos momentos da Moy Yat Ving Tsun desde a década de 60, em especial, é claro, historias de momentos passados com Sitaikung Moy Yat. Uma que não esquecerei foi do Sibakung Nelson.

Ele estava almoçando junto com Sitaikung Moy Yat e foi servir arroz à seu Sifu. Ao entregar o potinho, Sitaikung olhou e disse: "Tem muito, quero apenas metade". Na mesma hora Sibakung Nelson (na época com 15 anos, se nao me engano) pegou a colher e de um so golpe amassou o arroz à metade do tamanho original, devolvendo ao Sitaikung que riu bastante da atitude. (uhauhahauhauh muito boa mesmo!)



Nesses momentos é que podemos perceber que pessoa ímpar foi Sitaikung Moy Yat, uma grande pena mesmo que eu não tive a oportunidade de conhecê-lo em pessoa, mas todo o legado que ele deixou faz dele realmente imortal.

Sibakung Lester contou ainda a historia da "Sala de Duelo" onde Sitaikung sentava pacientemente durante os dias esperando algum "desafiante" (hauhauhahu essa é demais! quem nao sabe corre atrás!).

Sigung comentou bastante tambem sobre o tempo que passaram juntos, sobre as caronas até a casa do Sitaikung e uma historia interessante tambem sobre uma discussão do Sitaikung Moy Yat e da Sitaipo Helen sobre o quanto o Sigung estava treinando em NY (essa eu tambem nao conto!).

[The H-Hour]

Estava chegando a hora do ápice do evento, o banquete de comemoração, então logo após o bate-papo foi cada um para sua base de operações para se aprontar para a noite que estava por vir. É fato que, nos preparativos mais banais, sempre acontece algo completamente inesperado comigo ou com o Chi Yau Si, e nessa vez nao podia ser diferente. Vou me limitar a dizer que ele teve problemas com o terno. Uma coisa é fato, hoje ele conhece BH melhor que eu. Durante o jantar, como não poderia deixar de ser, todos elegantíssimos seguindo a risca o que a Sitai tinha escrito no blog do evento.



Logo no início da noite ainda tive a chance de conversar a sós com o Sibakung Lester e mandar um abraço do Sihing Fat Lei. As pessoas estavam animadas, todos conversando, admirando a decoração e bebendo refrigerante. Ao longo de um corredor que ligava dois ambientes, estavam expostas as placas comemorativas que seriam entregues aos Membros do Conselho de Mestres. O dificil foi conseguir uma foto delas, o metal estava tão finamente polido que o fotógrafo acabava saindo na foto, caso tentasse angular a claridade do local refletia no metal quase impossibilitando a foto, mas a gente sempre da um jeitinho.No outro ambiente, estavam duas mesas preparadas para o pré-lançamento do livro do Sigung.


Quando o relógio marcava 08:08, um novo momento se iniciou no recinto com o lançamento do livro. Todos foram para a sala de lançamento, quer dizer, todos que nao estavam em missão (We talk and listen to each other only as "Word" for is your...). Nesse momento, o Sigung descrevia, juntamente com Sisok Mordente, as diversas peculiaridades de seu livro, desde o início do trabalho, passando pela concatenação das idéias ate chegar à encadernação num estilo chinês. Ouvir o que foi dito e ler o que foi escrito no prefácio do livro, passa a impressão de ter vivido cada um desses momentos.

Após essa etapa, teve início a comemoração do aniversário propriamente dita, com uma retrospectiva musicada de cada momento da Família Moy Yat Sang. Seguida pela entrega de presentes e das placas ao Sigung e aos Mestres. Esses foram momentos de bastante emoção com a história de cada presente ofertado e rápidas palavras de cada Mestre, além da leitura das cartas enviadas por aqueles que não puderam comparecer.



No final só posso reafirmar que foi uma grande noite, gostaria que todos os membros da Clã pudessem ter vivido esse prazer, em nossa mesa Sisok Fei Lap e Sihing Fat Lei eram frequentemente mencionados.A comida tambem estava excelente, digna do momento.Após o termino das atividades, e da limpeza de um quintal de mármore após a passagem do outono (sachês! há! até isso foi legal. Obrigado, Simo. Eu estava tenso com a importancia de tudo até esse momento, foi nessa hora que eu consegui relaxar) fomos cada um para o seu hotel, mas nao sem marcar o Yam Cha do dia seguinte.

[Time to say goodbye]

No dia seguinte a alvorada se repetiu. Fui com o Sihing Chi Yau Si até o hotel do Sifu para o café, enquanto o Sisok Ga Dai Lap lutava para conseguir arrumar sua mala xD. Mais uma vez, assisti às Olimpiadas (competição de ginastica) sempre atento aos comentários da Simo (ainda bem, senão eu ia ficar boiando xD). Só o que eu entendi foi o sofrimento da atleta chinesa, foi uma pena mesmo, juro que eu pude sentir o desespero da menina naquela mesa de café do outro lado do mundo, ela chegava a soluçar. Depois dessa etapa fomos ao Mogung Savassi, já com as malas devidamente arrumadas dentro do carro do Sifu.

Mais uma vez, a garagem do edifício foi testemunha de um workshop do Sibakung Lester, dessa vez ele falou sobre a técnica das "double running hands", que deu um trabalhão até todos entenderem que se tratava de um "Jau Sao duplo". Depois da preleção, mais uma chance de fazer Chi Sao com pessoas de energia desconhecida. Aproveitei o momento tambem para treinar um pouco com meu Sihing Willian, apesar de treinar no Rio também, vive lá em Angola. No somatório geral, acho que mostrei tudo o que eu podia. Amigos, muito obrigado pelo treino! Voltei matutando bastantes coisas.

Após o treino ocorreu, pela primeira vez, uma cerimonia que deve ocorrer em diversos lugares num futuro próximo. A "inauguração" do Jiu Pai número 8 no Núcleo Savassi. Com todos os Daijins dentro do escritorio do Sibak Anderson.



Depois disso houve um almoço no restaurante Minas II, confesso que me fartei tanto no café da manha do hotel, que nem tive fome. Seguido do ultimo contato com o pessoal e da consequente despedida. A primeira pessoa da qual me despedi foi o Sibakung Nelson, ainda à mesa, a última foi a Mel, já na porta do carro.

No trajeto de volta, mais conversa, mais análise, mais coisa para pensar, mais uma parada no posto que a Simo tanto odeia (aquele que fica do lado de uma loja com a fachada semi-circular). Naquele pequeno trajeto, nasceu um nobre, um conde para ser mais exato. Falamos sobre montanhas e sobre Apreciação... sobre amigos e sobre Persistência... sobre segredos e sobre Caminhar Junto. Foi muita coisa mesmo, que o diga o pára-brisas trincado que foi testemunha de tudo isso.

Já no Rio, ao término de tudo, Sifu me deixou no Fundão e partiu para Jacarépagua, coincidentemente tudo terminou como começou, eu também eu nao imaginava que o Sifu levaria menos tempo do Fundão até Jacarepagua do que eu que só ia até a Ilha do Governador.

Evento é Sam Faat.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ESPECIAL SIU YE KUEN


Como já é de prache antes de qualquer postagem mais emocionante, não deixe de baixar a música "Sweet child Of mine" na versão da cantora Sheryl Crow. Que foi trilha sonora do divertido filme "O Paizão" (Big daddy. Adam Sandler,1999) e que cai bem neste post sobre o Siu Ye Kuen.

Siu Ye Kuen, é um termo em chinês que significa "Arte Marcial dos Jovens Senhores" ou ainda "O punho dos jovens senhores".

Pra você que assistia aos filmes do Jet Li ,"Fong Sai Yuki 1 e 2" na antiga Sessão Kikcboxer da Band, ou mais recentemente o filme "Mestre das Armas"(Fearless). Vai lembrar que comumente seus personagens nestes filmes eram chamados pelos seus empregados de "Jovem Mestre", e se você aguçar os ouvidos vai ouvir claramente se referirem a ele como "Shao Ye" (pronuncia de Siu Ye em mandarim) , ou seja "Jovem Senhor".

Este termo diz respeito ao fato de que as Famílias chinesas mais tradicionais contratavam Mestres para tutorar seus filhos de forma privativa. Esta tutoria, compreendia não só artes marciais, como também escrita tradicional dos ideogramas, leitura, cultura em geral, etc... Assim a educação do "Jovem Senhor" estava quase que totalmente(se não totalmente) ligada a figura do Sifu.

Foi o patriarca Chan Wah Shun(Jau Chin Wah, 1849-1911) que conseguiu fazer do Ving Tsun um sistema altamente respeitado pelas familias de Fat San , consagrando-o como "Siu Ye Kuen", tendo ele devido a isso transmitido o Sistema ao Patriarca Yip Man anos depois.


Ano passado, Roberto Viana e Marcia Velloso, deram inicio aos treinos do Siu ye Kuen na Barra da Tijuca. A primeira turma era bem heterogenea. Alguns meses depois Sihing Leo Reis e Sisok Fernanda Neves substituiram seus irmãos kung-fu e tocaram o projeto, tornando ele muito respeitado por todo o Clã Moy Yat Sang, e um ano depois, eu estou tendo a oportunidade de coordenar os treinos do Siu Ye Kuen no Méier junto de irmãos kung fu como : Guilherme,Mury e da minha noiva Karol.

Começamos com dois workshops que encheram bem de crianças, mas somente no final de Maio deste ano, o praticante Thiago Thiers, de 7 anos, deu inicio aos treinos desta categoria na Unidade Méier, e com a ajuda de Guilherme, Felipe Mury e com as orientações de Sisok Ursula e claro, do Sifu, conseguimos seguir em frente. Algumas semanas depois, recebemos Rafael Caputo e Rodrigo Caputo, dois irmãos que trouxeram mais dois amigos: Lucas e Marcelo.

No início confesso que fiquei um pouco impressionado com a possibilidade de "encarar" pessoas de 7,10,12 anos.. Mas hoje o treino deles compõem alguns dos melhores momentos de minhas atribuladas semanas..

Ainda lembro da importância que o Sensei Wanderley tinha para mim em 1990 enquanto meu primeiro instrutor de artes marciais(no caso o Judo). E anos mais tarde, o Professor Flavio , no Tae Kwon Do durante um ano e dois meses.
Lembro que a imagem deles representava muito para mim, e lembro também das decepções que isso me causou.. Assim não tento ser um "super-herói", mas sim, um cara, um Sihing que está ali, para junto do Guilherme, do Mury e da Karol(que tem nos ajudado há duas semanas já) representar bem o Sifu e ser de alguma ajuda na formação deles..

Bom , palavras faltam para descrever o que eu sinto quando estou com eles, assim, deixarei por conta das imagens e de um clipe que produzi!

(Usando o Gwan pela primeira vez, o desafio era escrever o ideograma "Mù" ou "Muk" (madeira) no quadro, utilizando-se da caneta Pilot presa a ponta na parte lúdica do treino.
Marcelo e Rafa num Mai San Jong!
Lucas e Rodrigo aguardam a vez ansiosamente!
Uma conversa sobre o que é o "Hung Bao" (envelope vermelho) com Lucas, Rafa e Rodrigo. Mury ao fundo observa.
Rodrigo, nosso pequeno guitarrista e skatista de 10 anos,em seu momento "Leung Yi Tai" ao tentar escrever o ideograma "Muk"(madeira) com o Gwan.
Guilherme e Karol conversam antes do inicio de mais uma sessão do Siu ye Kuen.
Momento "WWE" quando Rafael e Lucas tentam "roubar" o braço do Jong de Marcelo(com capacete) em mais uma atividade lúdica!
Rafa vem com tudo para cima de Moy Fat Lei durante o treinamento numa bela foto(ou pelo menos, a mais bela que meu celular é capaz de tirar ever) num fim de tarde do Méier!

Fat Lei e Lucas unem forças para tomar o braço do Jong de Guilherme na atividade lúdica!
"It´s rumble time!"
Dona Teresa e Thiago Thiers. Avó e neto na última visita do Sifu ao Méier. Duas pessoas super importantes na história do Siu ye Kuen naquele bairro.
Thiago e Marcia, que é coordenadora do Espaço Dharma, onde se localiza a Unidade Méier.
Terminando com o Sifu cercado por vários praticantes do Méier, com destaque para os três primeiros "Siu Ye" do Meier(da esq. p/ dir.): Rafa, Rodrigo e Thiago.



Pra você que não baixou a música , tudo bem!
Aqui vai o clipe: "Siu Ye Kuen" com ela de fundo! Divirta-se e volte sempre!

SIU YE KUEN MÉIER (2008)